Em 2016 resolvi implementar o plano de vida que era ser mãe por adoção. O processo de habilitação terminou em fevereiro de 2017, quando entrei na “fila” do cadastro nacional da adoção (CNA). Aí começou uma longuíssima e árdua espera pelo meu filho.

Para lidar com a passagem do tempo, estudei, participei de reuniões de grupos de apoio à adoção, trabalhei como voluntária na @RedeAbrigo no @insitutodara e me aproximei de pessoas com experiências de vida parecidas com a minha, me apegando às histórias de sucesso na adoção.

Nesse processo, amadureci (e envelheci), revi constantemente minhas escolhas e alterei o perfil desejado algumas vezes (o que vejo como um ato de responsabilidade e de consciência acerca de nossas capacidades e limitações).

Em 2022, após 5 anos e meio de espera, estava exausta, frustrada e pensando seriamente em desistir, em seguir a vida sem filhos.

Resolvi esperar o fim do ano e… O TELEFONE TOCOU!

Fiquei feliz. Fiquei em pânico. Fui à Vara da Infância saber mais de sua história e vi a foto de um menino lindo, sorridente, maroto.

Quando o conheci, sem que ele soubesse que era candidata a sua mãe, abriu os bracinhos e disse: “ela é minha!” Nesse momento pensei: “É isso, quero esse mini furacão.”

Alguns dias depois começou o processo de aproximação, feito com calma e habilidade pela equipe técnica.

No início de 2023, o pequeno se mudou de vez, viramos família e também companheiros, parceiros, amigos, mas acima de tudo, nos tornamos mãe e filho.

Esse vínculo, que começou a ser construído há um ano e meio, só se fortalece, se solidifica. A exaustão de 2023 é agora o cansaço de toda maternidade, compensado por alegria, amor e vida.

Hoje não consigo imaginar a vida sem meu filho. Sem o filho que me tornou mãe, não sei mais quem eu seria. O filho que chegou com 5 anos e que amo mais que tudo. Que me enlouquece e me encanta todos os dias. Minha maquinhinha dos risos mais gostosos e de travessuras sem fim. Meu menino de olhos de jaboticaba, de quem agora conheço todos os detalhes e que perdeu seu primeiro dentinho há poucas semanas. Meu amor mais profundo, mais inteiro.

Sou mãe por adoção. Sou mãe por inteiro. Adotem! Considerem essa possibilidade.

 

Beatriz Machado